João
Teixeira Soares teve um sonho – ligar por uma ferrovia os estados sulinos á
Capital Federal.
Um dia o
sonho tornou-se realidade - EFSPRG – que na região do Contestado penetrou,
desbravou e colonizou.
Um possível confronto armado com a Argentina levou o Governo Federal a
forçar o andamento da construção da ferrovia.
O sul do vale do rio do Peixe tornou-se um imenso formigueiro humano –
7.000 homens, grande parte arrebatada dos presídios, verdadeiras
feras desajustadas que só conheciam uma linguagem – a violência.
Mãos criminosas surrupiavam as moedas de réis dos corpos ainda quentes
agonizando na tocaia, para uso e gozo na cachaça.
Matava-se. Simplesmente matava-se. Facas, bordunas, peixeiras, tiros,
cadáveres boiando na água, sangue na lama, corpos mutilados, crânios
esfacelados ...
Alem desses, os índios.
... estes índios atacavam os ponteiros encarregados de abrir caminho ...
... reconhecemos que a carniça era dos membros da expedição de
abastecimento que aguardávamos – era obra dos índios ...
... caiu sobre a população de União da Vitória a noticia que o trem
traria corpos de operários mortos pelos índios ...
Neste clima tenebroso, o administrador da obra, Achiles Stenghel, se viu
forçado a criar um corpo de segurança da própria companhia, formado por homens
montados e armados, para proteção do patrimônio, dos trabalhadores e também
para repelir ataques dos índios.
Terminada a construção da ferrovia, milhares desses brutos ignorantes
desqualificados, se espalharam pelas matas das terras pertencentes à Empresa,
vivendo á moda índia, disputando com bugres.
Começa um novo ciclo – Colonização !!
E os dignos colonos qualificados, ao irem para suas glebas devidamente
escrituradas, ás encontravam ocupadas indevidamente, e, reclamavam a Companhia
Colonizadora que garantia a posse justa
do colono.
E assim, aconteceu a Guerra do Contestado!
Pode-se interpretá-la de duas maneiras:
Como um massacre criminoso de inocentes e gentis pobres coitados.
Ou como um desafio á sobrepujar da magnânima epopéia que desbravou uma
região selvática, transformando-a, civilizando-a, hoje habitada por tantas
pessoas descendentes dos colonos imigrantes estrangeiros.
As estações da EFSPRG tornaram-se cidades
importantes.